Eis uma das maiores esquisitices da quarentena: a tal da festa on line. Você combina tudo, faz os convites e manda o link. Os preparativos não requerem muitos esforços, basta uma taça de vinho, duas ou três cervejas, um aperitivozinho e pronto. Econômica.
Será que eles vêm? Pensando se valia mesmo à pena, você deixou tudo pra última hora, talvez não consigam se programar. Já tinha ensaiado mil vezes: qualquer dia desses vamos marcar um vinhozinho pela internet; está certo, vamos marcar, e nada. É hoje que faço uma noitada remota! Vamos ver o sol raiar cada um da janela de sua casa, com certeza vai ser a coisa mais animada de todo o período do isolamento social, um verdadeiro estouro.
Chegou a hora, a turma já está entrando na sala virtual. Boa noite, parabéns, feliz aniversário. Obrigada, peraí que tô botando o pessoal pra dentro da sala. Gente, essa aqui é minha irmã que mora em Campina Grande, essa outra é minha amiga de São Paulo, chegou também minha prima de Nova Iorque e meus outros primos da Itália. Chique, evento internacional.
Esperando sua vez de falar, vai ficando todo mundo meio calado. Alguém rompe o silêncio e domina a teleconferência festiva por quinze minutos. Enfadados, alguns desligam a câmera e o microfone pra espiar a live daquela cantora animada. Outros aproveitam para ir no banheiro sem pedir licença. Meu Deus, por quê as pessoas não conversam? Já chega, vamos cantar os parabéns.
Uma hora depois, a chamada de vídeo estava encerrada. Fulana não veio porque a internet caiu. Beltrano tinha outro compromisso a distância no mesmo horário. Sicrana confessou que achava chato, não ia e acabou a história.
(Uma rápida homenagem ao meu aniversário de 32 anos)
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