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domingo, 27 de setembro de 2020

A melhor hora da praia

Arrumou-se toda feliz, a canga combinando com o biquíni, o chapéu bem assentado da mesma cor dos óculos escuros, as cadeirinhas de praia empoeiradas debaixo de um braço e o outro ocupado com a esteira. Três cervejas e uma garrafa de água de côco dentro do isopor, iludidas pelo pouco gelo que lhes jogaram por cima. 

A melhor hora da praia. A turma toda já satisfeita de tanto sol e brisa, devidamente voltados pra casa. Com certeza acharia uma sombra debaixo da qual passaria a tarde sentada, lendo um livro em frente ao mar. A trilha sonora das ondas já embalava seus ouvidos no sonho bom da tarde de domingo.

Qual não foi o desapontamento de sequer poder descer do carro. Simplesmente não havia espaço em toda a praia. Turmas e mais turmas, a do futebol, a da farofa, a da campanha eleitoral, todo mundo igualmente merecedor de um descanso dominical. Aliás, quem já viu uma ideia dessas, achar um pedacinho vazio de paraíso no meio de sedentos da vida normal, essa ilha deserta arrodeada de álcool em gel no meio do oceano Atlântico na parte da Paraíba.

O jeito foi dar meia-volta e fazer do jardim de casa, mesmo, uma praia. Vocês já ouviram uma playlist do Spotify com os barulhos das ondas do mar?

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