Os clarins anunciam a chegada da vacina. Com ela, o próprio Carnaval. Não o cancelado, deste fevereiro, mas a sua essência, a vida pulsante que ele carrega debaixo das sombrinhas de frevo. Ouço de longe o baque solto dos maracatus. Minhas mãos já se dão em ciranda.
"Você vai mesmo se vacinar, moça?". Estarrecida, quase não compreendo a dúvida.
Quero a vacina como quero a vida com suas prévias, sua apoteose, suas quartas-feiras de cinza. A vida desembestada que nem um dragão vermelho cuspindo labaredas, um elefante virado na folia, um calunga dançando à meia-noite.
Porque a vida, meu bem, é feito o Carnaval. Ela tem todo ano, mas é curta. Um tal de sobe e desce ladeira, num instante acaba.
Vou tomar, sim. Mal posso esperar por essa injeção de vida. Os clarins já anunciam.
Vou também tomar esse seguro de vida.
ResponderExcluirViva!!!
ResponderExcluirMuito bom! Pulsante essa curtinha!! Bjos Ana!
ResponderExcluirObrigada, Ângela! Fico feliz por ter gostado.
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