Tem os atletas da quarentena. Entre flexões e piruetas, elevam a faxina diária a um exercício de alto potencial aeróbico. Ao varrer a casa, vão alongando braços e pernas para em seguida entrar com os polichinelos. Limpam o banheiro entre séries de agachamento. Um, dois; escova o vaso; um, dois, esfrega a pia. Pega o desinfetante, joga a água sanitária, vamos lá, pessoal! Eles lavam os pratos na ponta dos pés, malhando, assim, as panturrilhas. Tenho uma prima que desce e sobre todos os dias os 6 lances da escada que separam a sua casa do chão, para depois arrodear correndo a garagem do edifício incontáveis vezes. Tudo isso fora a faxina, podem acreditar. Dia desses ela caiu de bunda no chão e ficou três dias sem sentar direito por causa de uma dessas peripécias. Os isolados atletas não conhecem limites. Meu primo capoeirista quase quebra o braço jogando o dia inteiro dentro do apartamento. Calculou mal a meia-lua de frente, bateu na mesinha de centro, desequilibrou e caiu por cima do braço esquerdo. Eu os admiro. Admito sentir uma pontadinha de inveja: suados, se libertam um pouco das suas dores.
(para Ravina e Lennon)
Adorei
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