Saudade dos Outros. Almoçar na casa dos Outros. Ver os Outros passando na rua. Se imprensar com os Outros no meio da multidão. Dia desse a bateria do carro descarregou, por falta de estrada. Qual não foi a alegria quando o rapaz do seguro chegou: tratado como uma visita das mais importantes, guardados os tais dois metros de distância e respeitadas as máscaras, claro. Aceitou todo contente o copo d’água, o cafezinho e a rapadura. Foi o grande acontecimento da semana! Um tipo de carência parecida levou minha mãe a abrir o portão pra ver se a rua ainda estava lá. Leva minha filha todos os dias à aula remota só pra ver a cara das amiguinhas dela. A falta dos Outros faz a minha sobrinha de três meses com certeza achar que a gente daqui de casa é um tipo esquisito com forma de celular: um povo que acende, conversa, depois fica lá parado em cima do sofá. Esses Outros Remotos, os Outros à Distância, jamais serão como os Outros de verdade.
Elas me caem de surpresa, não sei de onde. Quando menos espero, pulam em forma de contos, pequenas crônicas ou controversas opiniões. Às vezes nem posso com elas, mas não querem nem saber: as palavras saltam das minhas mãos. Se não agradam, a culpa é toda delas.
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O nobre professor
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