Eu juro que não queria, mas tive de ir. Vocês sabem que eu estava quieta no meu canto, isolada. Por mim, teria ficado em casa com meu trabalho remoto e meus pratos pra lavar. Mas fui obrigada.
Sim, tinha muita gente. Como é bom, gente! Aqueles toques de cotovelo, aqueles sorrisos debaixo das máscaras, aqueles olhares de como é bom te ver por aqui na luta de novo. Sobrevivemos, logo lutamos.
Mas fomos todos obrigados. Fomos acordados de manhã logo cedo, não podemos mais nem dormir. Estava lá, inscrito na madrugada: INTERVENÇÃO! Vocês não tem escolha, não podem mais, não deixamos e pronto! Como assim, não deixam e pronto?
Por isso tivemos de ir. Fomos lá, gritar que não aceitamos. Se pensam que é assim, estão muito enganados. Esses cretinos! Agora sim, vão ver a balbúrdia.
Já aceitamos demais, demais mesmo. Já chega das suas genitálias podres quando invadem os nossos debates. Não estamos interessados nisso, queremos dialogar, conhecer, construir. Mas estão nos perseguindo, nos desprezando, acabando conosco.
Ainda mais agora, todo mundo sem poder sair de casa. Covardes! Pois arriscamos a própria vida, porque não tem vida que preste sem escolha. Foi por isso que fomos, e iremos de novo.
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